segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Ministerio Pastoral feminino

SOBRE O MINISTÉRIO PASTORAL FEMININO

Assim também, toda discussão a respeito da mulher na Bíblia deve reconhecer que esta última foi produzida em uma cultura patriarcal. "A auto-revelação de Deus na Bíblia foi dada em termos da própria cultura do ouvinte”. E também: "Deus proferiu sua palavra a um povo particular, num contexto e tempo particulares”. o fator cultural "está presente não só na auto-revelação de Deus na Escritura, como também em como a interpretamos." (cultural também está presente na maneira como traduzimos a Bíblia).
De fato, uma das questões mais importantes com respeito à interpretação e à tradução da Bíblia são os chamados "abismos hermenêuticos", entre os quais podemos citar o histórico-geográfico, o linguístico, o sociopolítico e o cultural. A Bíblia foi escrita durante 1.400 a 1.500 anos, por mais de 40 autores, em línguas que não existem mais, num ambiente marcado por regimes políticos, economias e culturas que quase nada têm a ver conosco (o último livro da Bíblia foi escrito há mais de 1.900 anos
Como exemplo, os textos de I Coríntios que se referem ao comportamento das mulheres durante o culto (11.3-16 e 14.33-35), só podem ser corretamente interpretados dentro do contexto cultural da sociedade corintiana em Corinto, nenhuma mulher que se prezasse ousava aparecer em público sem o véu, do contrário poderia ser julgada como desavergonhada e ser vítima de insultos e gracejos dos homens. Na verdade, as roupas masculinas e femininas eram muito parecidas, e o véu era importante para fazer diferença entre homens e mulheres. Só não usavam o véu as amantes dos cidadãos influentes, as adúlteras, que tinham a cabeça raspada como castigo, e as mil prostitutas sagradas do templo de Afrodite, em sua grande maioria, as mulheres eram analfabetas, incultas e tidas como pessoas a quem não se devia dar ouvidos. Aliás, normalmente elas não falavam em público.
Ao se converterem, as mulheres da igreja de Corinto experimentaram uma liberdade inusitada e algumas delas, ao participarem dos cultos, quando oravam e profetizavam, passaram a cometer exageros, tirando seus véus, soltando os cabelos (exatamente como faziam as prostitutas cultuais durante as suas práticas no templo de Afrodite) e falando em demasia. Portanto, o ensino de Paulo era pertinente àquele lugar, àquela época e àquela situação. O que se pode depreender dessa instrução extremamente localizada é o princípio, válido até hoje, de que o cristão não tem licença para transgredir desnecessariamente os costumes do seu próprio povo. A prática das irmãs corintianas estava trazendo escândalo e rejeição para o nome do evangelho. Os missionários transculturais frequentemente se deparam com o mesmo problema em seus campos de trabalho. O novo convertido não precisa nem deve romper com todas as regras da sua própria cultura.

A história da evangelização de Corinto (Atos 18) nos mostra que, muito provavelmente, os números 1 e 2 no rol de membros da igreja seriam Priscila e Áquila, assim mesmo, nessa ordem. Em cinco das seis vezes em que é citado esse casal, que colaborou extensamente no ministério de Paulo, os nomes aparecem nessa ordem. O destaque devia-se "à invulgar capacidade intelectual ou social de Priscila". Outro dado interessante é que em Cencréia, cidade portuária que distava apenas 13 km de Corinto, havia uma "diaconisa" chamada Febe, à qual Paulo faz um alto elogio na carta aos Romanos (Rm. 16.1,2 - A igreja de Cencréia certamente era originária da de Corinto). Ora, seria estupidez pensar que Paulo, cercado de colaboradoras tão ilustres como estas e outras citadas por ele em várias ocasiões, proibisse a liderança das mulheres nas igrejas, até mesmo porque, no texto citado acima, ele reconhece que as mulheres poderiam orar e profetizar, desde que usassem o véu (I Co. 11.5).
Quanto ao ensino de que o homem é a cabeça da mulher, quando ampliamos o seu contexto percebemos que não só Paulo como outros autores bíblicos estão se referindo à estrutura familiar, em que o marido deve assumir -- e a esposa deve reconhecer -- a posição de chefe. Entretanto, a mulher somente tem o dever de ser submissa a um verdadeiro líder e não a um déspota, ou -- no outro extremo -- a um covarde. Em Efésios 5.22-33, Paulo apresenta Jesus como modelo de líder para os maridos. Qualquer mulher se submeterá com prazer a um marido que a lidere como Jesus lidera a igreja. Mas creio que este ensino aplica-se apenas à família. Quanto às outras áreas da vida, como, por exemplo, a profissão, a religião, a cidadania, a educação, não há preponderância do homem sobre a mulher, ou desta sobre o homem.
Um outro problema de interpretação bíblica que envolve os elementos culturais são os chamados "silêncios" da Bíblia. A Palavra de Deus não se dirige diretamente a religiões como o hinduismo, budismo ou islamismo; nela não encontramos nenhum ensino específico sobre como agir diante da complexidade do mundo contemporâneo, com sua tecnologia, suas conquistas democráticas e individuais, ou suas questões éticas como a eutanásia e o aborto. Nesse sentido na Bíblia existem grandes "silêncios" sobre a mulher, a escravidão, a guerra e outros temas, visto que sua produção foi condicionada pela cultura do ambiente em que foi escrita. A inspiração das Escrituras não se deu em um vácuo. Assim, por exemplo, o fato de Jesus ter escolhido apenas homens para serem seus apóstolos não quer dizer que ele estava estabelecendo um padrão permanente para a sua igreja. Quer dizer apenas que ele agiu de acordo com os padrões culturais da época. Aliás, não poderia ser diferente, a menos que quisesse transformar seus planos em um fracasso retumbante. Discordamos daqueles que vêem no fato de o Novo Testamento mencionar apenas homens no ministério pastoral um padrão a ser seguido pela igreja. Quem sabe se as mulheres que provavelmente faziam o trabalho pastoral na igreja primitiva não foram citadas por causa da cultura patriarcal? Por exemplo, a palavra "diakonon", usada (assim mesmo, no masculino) para designar Febe em Rm. 16.1, também pode ser traduzida como "ministro". Por que traduzi-la como "serva" ou "diaconisa" para referir-se a Febe, e não como "ministra"? Por que Paulo usou a forma masculina?
Na questão cultural, Paulo agia sob dois grandes princípios, expresso claramente em várias passagens. Em primeiro lugar, o apóstolo usa abundantemente a expressão "em Cristo", que a NTLH traduz sempre por "nossa união com Cristo". Com isto ele quer dizer que, ao crer em Jesus como Salvador, o ser humano é trazido a uma nova condição como pessoa, em que há um rompimento com o passado. Assim, ele afirma em II Coríntios 5.17: "Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação; as coisas velhas já passaram, e surgiram coisas novas". Também em Gl. 3.27,28: "Porque todos os que em Cristo fostes batizados, de Cristo vos revestistes. Não há judeu, nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher, porque todos vós sois um em Cristo Jesus." A independência econômica da mulher torna-se rapidamente um fato consumado, transformando o patriarcalismo em algo sem sentido. Dados recentes mostram que uma em cada quatro mulheres brasileiras que são mães é também chefe de família (aliás, trata-se de uma dupla jornada perversa: trabalham fora e dentro de casa, são mães e "pais").
Aqui torna-se oportuno mencionar o principal elemento desse cenário. É o machismo, para mim uma reação à extinção do patriarcalismo, uma elaboração ideológica de defesa da permanência das prerrogativas masculinas, em face do seu crescente declínio. Machista é aquele que não consegue perceber que perdeu (ou está perdendo) o papel de patriarca, uma figura que está se tornando obsoleta. O machismo puro e simples é um dos grandes obstáculos à promoção do ministério pastoral feminino no Brasil. A questão bíblico-teológica é, pois, o único terreno onde deve ser travado o debate sobre o ministério pastoral feminino. Como já disse anteriormente, não vejo no Novo Testamento nenhuma proibição explícita à investidura de mulheres no ministério pastoral. Repito também que o fato de o Novo Testamento mencionar que apenas homens exerciam o ministério pastoral, não pode ser tido como um padrão a seguir, pois não há nenhuma declaração explícita de que somente pessoas do sexo masculino poderiam exercer o pastorado. Na verdade, parece tratar-se de um "silêncio cultural", como já dissemos.

Concluo, então, que a investidura feminina no ministério pastoral somente deve submeter-se aos mesmos critérios bíblicos estabelecidos para qualquer pessoa que aspire ao ministério pastoral. Para exercer o ministério pastoral: a ocorrência de uma chamada, a existência de uma missão e o preenchimento de uma lista de qualificações espirituais e morais.
Desde já homenageio todas as mulheres que se encontram no campo missionário que tem feito um papel pastoral junto as almas sedentas, ariscando a própria vida, doando a sua juventude, não podendo a ser comparado a homens arrogantes que falam de coisas alicerçadas em seus achismos no conforto do seu quarto sendo senhores da verdade intitulam-se oráculos do próprio de Deus. Também homenageio a minha esposa também Pastora que tem sido uma mãe incomparável uma companheira que tem cuidado de nós com mãos pastorais. As mulheres servem para fazerem de tudo; Elas cantam, pregam, limpam o templo, seguram toda barra, são as mais fieis, tendo em vista que são maioria nas igrejas. “Infelizmente só não servem para serem pastoras”, segundo argumentos infundados de alguns machistas de plantão.