domingo, 18 de julho de 2010

A PARÁBOLA DA FLORESTA

“Certa vez houve uma inundação numa imensa floresta. O choro das nuvens que deveriam promover a vida dessa vez anunciou a morte. Os grandes animais bateram em retirada fugindo do afogamento, deixando até os filhos para trás. Devastavam tudo o que estava à frente. Os animais menores seguiam seus rastros. De repente uma pequena andorinha, toda ensopada, apareceu na contramão procurando a quem salvar.
As hienas viram a atitude da andorinha e ficaram admiradíssimas. Disseram: ‘Você é louca! O que poderá fazer com um corpo tão frágil?’ Os abutres bradaram: ‘Utópica! Veja se enxerga a sua pequenez!’ Por onde a frágil andorinha passava, era ridicularizada. Mas, atenta, procurava alguém que pudesse resgatar. Suas asas batiam fatigadas, quando viu um filhote de beija-flor debatendo-se na água, quase se entregando. Apesar de nunca ter aprendido a mergulhar, ela se atirou na água e com muito esforço pegou o diminuto pássaro pela asa esquerda. E bateu em retirada, carregando o filhote no bico.
Ao retornar, encontrou outras hienas, que não tardaram a declarar: ‘Maluca! Está querendo ser heroína!’ Mas não parou; muito fatigada, só descansou após deixar o pequeno beija-flor em local seguro. Horas depois, encontrou as hienas embaixo de uma sombra. Fitando-as nos olhos, deu a sua resposta: ‘Só me sinto digna das minhas asas se eu as utilizar para fazer os outros voarem’.”
AUGUSTO CURY
*Extraído de “O Vendedor de Sonhos – O Chamado” – São Paulo: Editora Academia de Inteligência, 2008.

APLICAÇÃO DA PARABOLA PELO AUTOR DO BLOG.

Enxergo o cristianismo como uma grande chuva que deveria trazer vida, porém muitas vezes para alguns tem trazido a morte.
Após a reforma protestante, a revolução que mudaria tudo, inclusive dez séculos de trevas em um regime totalmente tirano. O que indicava o fim de um período que estagnou a humanidade em ciência, arte, conhecimento e espiritualidade. Homens que romperam com o domínio romanista, indo contra a uma “verdade” imposta, por meio da persuasão e na maioria das vezes pela força caso fosse julgado necessário. Porém Deus levantou andorinhas, os precursores da reforma sendo os principais: João Wyclif e João Huss. Mesmos esses não conseguiram superar o legalismo religioso, foram queimados vivos, por se colocarem como “andorinhas”. Finalmente anos depois surgem às “andorinhas” que fariam a diferença são esses: Lutero, Ùlrico Zwinglio, Guilherme Farel, João Calvino e John Knox. Hoje pergunto onde estão as “andorinhas”.
Ao acionar o meu televisor, só consigo ver as hienas e os abutres e infelizmente o pobre beija-flor afogando-se. Eles vendem um evangelho barato um cristianismo não muito diferente do romano (Católico), há uma concorrência por horários é uma guerra épica, vivem se alfinetando uns aos outros. Vendedores de bênçãos e curas, o que é diferente do antigo sistema (romano)? Apenas são mais profissionais na técnica do engano e menos violento se tratando da ação física, porém compensando com domínio psicológico. Esses grandes animais (hienas e abutres), não se podem esperar muito deles, pouco se preocupam com o próximo, buscam destaques na mídia e a companhia de pessoas poderosas ( políticos ou grandes empresários), detém o dinheiro e com isso a melhor assessoria jurídica possível, sempre prontos para liberarem de qualquer ação ou criticas, também estão preparados para processar qualquer um que tente manifestar-se contra a sua tirania. Também nos tornaremos animais (hienas e abutres), se ficarmos inertes (conformados), diante de tais situações.
Vejo com esperança algumas ”andorinhas” com John Pipper, Caio Fábio, Hernani Dias Lopes e outros combatentes dessa teologia diabólica(Teologia da prosperidade). Como “andorinhas” eu lhe convido para voarmos juntos e fazermos outros voarem. Não tornaremos heróis e muito menos entraremos nos anais da história tais quais os reformadores, e de maneira anônima sobrevoaremos com as nossas asas encharcadas, porém dignas, na contra mão, procurando a quem salvar (com a pregação do reino de Deus)

sábado, 17 de julho de 2010

O Cristão e a Sexualidade

A Bíblia considera o sexo como um brinde ao amor conjugal, uma magnífica experiência plena de amor em profunda expressão de alegria, deleite e dinamismo. A sexualidade foi um presente dado por Deus aos seres humanos para a sua felicidade. Dentro do casamento, o sexo é um poderoso fator de união, prazer e intimidade. Os casais felizes devem sempre investir neste aspecto do seu relacionamento. E o que tem acontecido com boa parte dos casais casados? Um ou outro tem trazido para o leito de prazer comportamento e princípios sexuais completamente mundanos, de quem ainda não recebeu o Espírito de DEUS, tais como agressão moral e física consentida, certas práticas animalescas (assistir filmes pornográficos) etc. Em outro extremo, homens ou mulheres cristãos, que pensam ter se transfigurado em anjo, também deixam de viver a plenitude sexual no casamento por pensarem infringir as leis divinas de santidade. Existem casos em que o marido não permitia que a esposa nem olhasse para ele no momento do ato sexual e nem tocasse em seu corpo. E em outros casos quando a esposa sugeriu uma nova posição, o marido a taxou de “suja” e “cheia do espírito de Jezabel”. Tal postura é reflexo do modelo de igreja ortodoxa e ultrapassada que influenciou o pensamento de muitos, e na qual o tema sexo era completamente ignorado. Um caso como esse só pode ser concebido pela ótica da ignorância e do preconceito com a companheira, onde a mesma é tratada como um mero objeto de reprodução e de satisfação de um apenas, e também se confunde submissão com escravidão. Uma pessoa que se casa com a idéia retrógrada do ato sexual tem muita dificuldade de deixar que o conjugue participe desse espaço de comunhão. Por isso, o debate salutar da sexualidade é importante e deve permear as prioridades essenciais das igrejas cristãs contemporâneas. Caso não haja uma boa harmonia no ato sexual, o casal deve buscar o mais rápido possível ajuda profissional e pastoral, além de participar de encontros de casais na igreja. Sexo é uma questão puramente pessoal, educacional, cultural e espiritual (para os cristãos), que não pode ser imposta como regra geral, mas que deve ser compartilhada com o companheiro. O que deve haver são regras de conduta (moral), cada qual respeitando os anseios que ambos desejam atingir no ato sexual. Por fim, é preciso saber que no casamento o sexo não pode ser partilhado apenas como “descarga das tensões” do dia-a-dia, mas como um exercício de amor e de prazer pelo próximo, e quando praticado de forma egoísta, destrói o afeto e quebra o compromisso conjugal. Ninguém tem o direito de entrar no quarto do casal para dizer o que se pode e o que não se pode, mas tem muita gente fazendo isso. Devemos deixar tais assuntos com profissionais especializados e de preferência cristãos.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Divórcio e a Bíblia


O REGIME ORDINÁRIO

Olhando agora o Novo Testamento, encontramos as palavras de Jesus sobre o divórcio nos três evangelhos sinópticos (Mt 5.31,32; 19.3-9; Mc 10.2-12; Lc 16.18).
Os judeus queriam saber a posição de Jesus sobre o divórcio em relação às duas escolas rabínicas: ele era a favor da opinião liberal de Hillel ou da linha mais severa de Shamai?
Se tivéssemos somente a resposta de Jesus registrada nos evangelhos de Marcos e Lucas, poderíamos interpretá-la assim: “Não sou a favor nem de um nem de outro; voltem ao propósito original de Deus que não admite divórcio em hipótese alguma (o que Deus ajuntou não o separe o homem)”. O que podemos afirmar, entretanto, é que essas passagens tratam do regime ordinário, ou seja, do casamento à luz do plano de Deus antes do pecado, e que define a norma para os casamentos no regime da Nova Aliança. De acordo com o texto em Marcos, que é mais completo essa norma pode ser resumida da seguinte forma:
Primeiro: qualquer que repudiar a sua mulher e se casar com outra adultera;
Segundo: o que se casar com a repudiada adultera;
Terceiro: se a mulher repudiar o seu marido e se casar com outro, adultera.
A atitude do discípulo de Jesus não deve ser de buscar uma brecha, uma permissão nas Escrituras ou nas palavras de Jesus para justificar o divórcio. Devemos crer que a obra perfeita de Jesus permite que voltemos à planta original de Deus para o homem.
Além das passagens nos evangelhos, há mais dois textos no Novo Testamento que falam sobre o divórcio. Romanos 7.1-3 descrevem o regime ordinário (casamento sem opção de divórcio), embora seja mais uma alegoria da vida espiritual do que uma afirmação doutrinária. Em 1 Coríntios 7, antes de falar sobre outras situações no casamento, Paulo define o padrão que Deus espera dos cristãos nos versículos 10 e 11.
O REGIME DA EXCEÇÃO

Quem já estudou alguma coisa sobre divórcio no Novo Testamento sabe que no evangelho de Mateus encontra-se a famosa cláusula de exceção, que não consta na resposta de Jesus nos outros dois evangelhos. “Eu, porém, vos digo: Quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra, comete adultério…” (Mt 19.9).
Deus não planejou o divórcio quando criou o casamento. Entretanto o pecado entrou e trouxe infidelidade, egoísmo e destruição para o casamento. Moisés permitiu (não ordenou, como disseram os fariseus) o divórcio por causa da dureza dos corações, dureza essa que existia mesmo entre o povo escolhido de Deus (Mt 19.8). Da mesma forma, Jesus admitiu uma exceção ao padrão perfeito e original de Deus, mas deixou claro que era uma exceção muito limitada. Com isso, possivelmente estivesse concordando com a escola rabínica de Shamai e condenando a interpretação liberal de Hillel. Quanto ao padrão normal do casamento, Jesus reafirmou o propósito original de Deus antes do pecado; quanto à possibilidade de quebra da aliança por causa do pecado, concordou com a lei de Moisés, que permitia divórcio somente no caso de impureza, mas rejeitava as interpretações distorcidas dos liberais.
Embora para Deus a aliança do casamento tenha natureza indissolúvel (“tornando-se os dois uma só carne”), Jesus reconheceu que existem atos tão sérios que chegam a quebrar a aliança. É importante, porém, tratar este assunto com muita responsabilidade e temor de Deus, pois não é qualquer situação que pode ser enquadrada no “regime da exceção”. Em toda a Bíblia, seja em relação ao divórcio no sentido literal, seja em relação ao sentido figurado de quebrar nossa aliança com Deus, esse assunto é tratado com a mais séria gravidade. Deus odeia toda e qualquer violação de aliança (Mt . 2:16).
Aplicação

Muitos erros são cometidos por tratarem-se todos os casos de forma igual. Se você tratar um caso de exceção somente com os versos do regime ordinário, você estará fazendo um uso equivocado dos versos onde aparece o regime ordinário, não importa em qual livro esteja escrito na Bíblia. Podemos ter todos esses versos marcados, porém não se aplicam no caso de exceção; aplicam-se a todos os demais casos onde não se requer a exceção. Do contrário, a exceção não seria a exceção .Se você aplicar o regime ordinário onde o Senhor disse: “salvo neste caso”, então você estará passando por cima do Senhor Jesus, colocando uma carga mais pesada do que o próprio Senhor colocou. Porque o Senhor Jesus, sim, estabeleceu uma exceção que você está ignorando por outro lado, é importante ressaltar que a exceção não significa que a pessoa esteja obrigada a repudiar ou a divorciar; pode perdoar. Não é uma ordem, é uma permissão, que em nada revoga o desejo prioritário e fundamental que Deus tem de preservar, sempre que possível, o casamento. Também é importante enfatizar que a existência de uma exceção não abre as portas, como fazia o rabino Hillel, para permitir o divórcio por qualquer motivo. Existe uma exceção, sim, que não é obrigatória (pois mesmo nos casos cobertos pela exceção, o casamento ainda pode ser preservado pela graça de Deus), e é bem restrita: somente no caso de fornicação (relações sexuais ilícitas) é que um cônjuge pode repudiar o outro. Qualquer outro motivo, segundo Jesus, é causa de adultério, tanto para quem repudia como para quem casa com o repudiado.
Conclusão:
Nós concordamos quanto ao assunto divórcio, houve concordância de Jesus com a linha rabínica de Shamai. Porém, sobre o recasamento, Jesus deixou claro nas entre linhas o pensamento do reino. No verso 9 do cap. 19 de Mateus “Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de prostituição(porneia), e casar com outra comete adultério; e o que casar com outra comete adultério; e que casar com a repudiada também comete adultério”. No verso 10 repara-se que eles entenderam o recado e a nova instrução. “ Disseram-lhe seus discípulos: Se assim é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar”. Tal pensamento, não afligiria tanto aos discípulos, caso fosse à continuidade da linha rabina Shamai, apesar de rígida, porém suportável, o que levaria a afirmação?, “não convém casar”. No verso 11, Jesus afirma que não é fácil receber essa palavra, mas só aqueles a quem foi concedido a recebê-la .Tenho certeza que Jesus não tinha a intenção, apenas de concordar com a linha rabínica existente e ensinar que devemos levar a vida toda com os mesmos cônjuges e tendo o direito apenas de separa-se em caso de adultério. E tal condição não foi à preocupação dos discípulos. No verso 12 , é clara a preocupação deles! com certeza eles entenderam o teor da conversa. “ Porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmo por causa do reino dos céus. Quem pode receber isto, receba-o” . Por que um assunto tão assustador sobre “eunucos”?. Entende-se que o assunto mudou! Era acerca do divórcio e passou a ser sobre castração a favor do reino. Portanto nem mesmo a linha “rígida” rabínica Shamai, citava essa argumentação. O fato que as regras rabínicas levantavam uma idéia sobre o divórcio, e o que Jesus despertou foi há impossibilidade do recasamento. Entendemos que não são poucos os que seguem a linha rabínica de Hillel, inclusive muitos líderes, a maioria divorciados, com tudo isso eles tem a coragem de pregar e palestrar sobre o assunto (casamento). Outros seguem a linha rabínica Shamai,portanto,não são poucos os que difamam os cônjuges com títulos de adúlteros, para adequar-se a legalidade de tal linha e a sua conveniência momentânea. Penso que nenhuma aliança, feita diante de Deus, deveria ser quebrada e caso aconteça, deve-se estar preparado para pagar o preço. Quebra de aliança não pode ser comemorada com véus e bufes, e sim com arrependimento. Reconheço que existe alguns ministérios que exageram, sugerem a membros a separar-se depois décadas de convivência para cumprir a legalidade do “reino” (segundo eles). Entendo que não devemos contar o tempo da ignorância, porém após entendermos, já deixamos de sermos ignorantes, portanto, para nós está valendo a partir dessa leitura. Desculpe-me pelo tamanho da escrita, porém para se falar de um assunto como divorcio, é necessário, sair do argumento do “eu acho” e usar de fato uma pesquisa bíblica mais profunda. Shalom Adonai!!!