terça-feira, 29 de junho de 2010

Divórcio e a Bíblia


O REGIME ORDINÁRIO

Olhando agora o Novo Testamento, encontramos as palavras de Jesus sobre o divórcio nos três evangelhos sinópticos (Mt 5.31,32; 19.3-9; Mc 10.2-12; Lc 16.18).
Os judeus queriam saber a posição de Jesus sobre o divórcio em relação às duas escolas rabínicas: ele era a favor da opinião liberal de Hillel ou da linha mais severa de Shamai?
Se tivéssemos somente a resposta de Jesus registrada nos evangelhos de Marcos e Lucas, poderíamos interpretá-la assim: “Não sou a favor nem de um nem de outro; voltem ao propósito original de Deus que não admite divórcio em hipótese alguma (o que Deus ajuntou não o separe o homem)”. O que podemos afirmar, entretanto, é que essas passagens tratam do regime ordinário, ou seja, do casamento à luz do plano de Deus antes do pecado, e que define a norma para os casamentos no regime da Nova Aliança. De acordo com o texto em Marcos, que é mais completo essa norma pode ser resumida da seguinte forma:
Primeiro: qualquer que repudiar a sua mulher e se casar com outra adultera;
Segundo: o que se casar com a repudiada adultera;
Terceiro: se a mulher repudiar o seu marido e se casar com outro, adultera.
A atitude do discípulo de Jesus não deve ser de buscar uma brecha, uma permissão nas Escrituras ou nas palavras de Jesus para justificar o divórcio. Devemos crer que a obra perfeita de Jesus permite que voltemos à planta original de Deus para o homem.
Além das passagens nos evangelhos, há mais dois textos no Novo Testamento que falam sobre o divórcio. Romanos 7.1-3 descrevem o regime ordinário (casamento sem opção de divórcio), embora seja mais uma alegoria da vida espiritual do que uma afirmação doutrinária. Em 1 Coríntios 7, antes de falar sobre outras situações no casamento, Paulo define o padrão que Deus espera dos cristãos nos versículos 10 e 11.
O REGIME DA EXCEÇÃO

Quem já estudou alguma coisa sobre divórcio no Novo Testamento sabe que no evangelho de Mateus encontra-se a famosa cláusula de exceção, que não consta na resposta de Jesus nos outros dois evangelhos. “Eu, porém, vos digo: Quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra, comete adultério…” (Mt 19.9).
Deus não planejou o divórcio quando criou o casamento. Entretanto o pecado entrou e trouxe infidelidade, egoísmo e destruição para o casamento. Moisés permitiu (não ordenou, como disseram os fariseus) o divórcio por causa da dureza dos corações, dureza essa que existia mesmo entre o povo escolhido de Deus (Mt 19.8). Da mesma forma, Jesus admitiu uma exceção ao padrão perfeito e original de Deus, mas deixou claro que era uma exceção muito limitada. Com isso, possivelmente estivesse concordando com a escola rabínica de Shamai e condenando a interpretação liberal de Hillel. Quanto ao padrão normal do casamento, Jesus reafirmou o propósito original de Deus antes do pecado; quanto à possibilidade de quebra da aliança por causa do pecado, concordou com a lei de Moisés, que permitia divórcio somente no caso de impureza, mas rejeitava as interpretações distorcidas dos liberais.
Embora para Deus a aliança do casamento tenha natureza indissolúvel (“tornando-se os dois uma só carne”), Jesus reconheceu que existem atos tão sérios que chegam a quebrar a aliança. É importante, porém, tratar este assunto com muita responsabilidade e temor de Deus, pois não é qualquer situação que pode ser enquadrada no “regime da exceção”. Em toda a Bíblia, seja em relação ao divórcio no sentido literal, seja em relação ao sentido figurado de quebrar nossa aliança com Deus, esse assunto é tratado com a mais séria gravidade. Deus odeia toda e qualquer violação de aliança (Mt . 2:16).
Aplicação

Muitos erros são cometidos por tratarem-se todos os casos de forma igual. Se você tratar um caso de exceção somente com os versos do regime ordinário, você estará fazendo um uso equivocado dos versos onde aparece o regime ordinário, não importa em qual livro esteja escrito na Bíblia. Podemos ter todos esses versos marcados, porém não se aplicam no caso de exceção; aplicam-se a todos os demais casos onde não se requer a exceção. Do contrário, a exceção não seria a exceção .Se você aplicar o regime ordinário onde o Senhor disse: “salvo neste caso”, então você estará passando por cima do Senhor Jesus, colocando uma carga mais pesada do que o próprio Senhor colocou. Porque o Senhor Jesus, sim, estabeleceu uma exceção que você está ignorando por outro lado, é importante ressaltar que a exceção não significa que a pessoa esteja obrigada a repudiar ou a divorciar; pode perdoar. Não é uma ordem, é uma permissão, que em nada revoga o desejo prioritário e fundamental que Deus tem de preservar, sempre que possível, o casamento. Também é importante enfatizar que a existência de uma exceção não abre as portas, como fazia o rabino Hillel, para permitir o divórcio por qualquer motivo. Existe uma exceção, sim, que não é obrigatória (pois mesmo nos casos cobertos pela exceção, o casamento ainda pode ser preservado pela graça de Deus), e é bem restrita: somente no caso de fornicação (relações sexuais ilícitas) é que um cônjuge pode repudiar o outro. Qualquer outro motivo, segundo Jesus, é causa de adultério, tanto para quem repudia como para quem casa com o repudiado.
Conclusão:
Nós concordamos quanto ao assunto divórcio, houve concordância de Jesus com a linha rabínica de Shamai. Porém, sobre o recasamento, Jesus deixou claro nas entre linhas o pensamento do reino. No verso 9 do cap. 19 de Mateus “Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de prostituição(porneia), e casar com outra comete adultério; e o que casar com outra comete adultério; e que casar com a repudiada também comete adultério”. No verso 10 repara-se que eles entenderam o recado e a nova instrução. “ Disseram-lhe seus discípulos: Se assim é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar”. Tal pensamento, não afligiria tanto aos discípulos, caso fosse à continuidade da linha rabina Shamai, apesar de rígida, porém suportável, o que levaria a afirmação?, “não convém casar”. No verso 11, Jesus afirma que não é fácil receber essa palavra, mas só aqueles a quem foi concedido a recebê-la .Tenho certeza que Jesus não tinha a intenção, apenas de concordar com a linha rabínica existente e ensinar que devemos levar a vida toda com os mesmos cônjuges e tendo o direito apenas de separa-se em caso de adultério. E tal condição não foi à preocupação dos discípulos. No verso 12 , é clara a preocupação deles! com certeza eles entenderam o teor da conversa. “ Porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmo por causa do reino dos céus. Quem pode receber isto, receba-o” . Por que um assunto tão assustador sobre “eunucos”?. Entende-se que o assunto mudou! Era acerca do divórcio e passou a ser sobre castração a favor do reino. Portanto nem mesmo a linha “rígida” rabínica Shamai, citava essa argumentação. O fato que as regras rabínicas levantavam uma idéia sobre o divórcio, e o que Jesus despertou foi há impossibilidade do recasamento. Entendemos que não são poucos os que seguem a linha rabínica de Hillel, inclusive muitos líderes, a maioria divorciados, com tudo isso eles tem a coragem de pregar e palestrar sobre o assunto (casamento). Outros seguem a linha rabínica Shamai,portanto,não são poucos os que difamam os cônjuges com títulos de adúlteros, para adequar-se a legalidade de tal linha e a sua conveniência momentânea. Penso que nenhuma aliança, feita diante de Deus, deveria ser quebrada e caso aconteça, deve-se estar preparado para pagar o preço. Quebra de aliança não pode ser comemorada com véus e bufes, e sim com arrependimento. Reconheço que existe alguns ministérios que exageram, sugerem a membros a separar-se depois décadas de convivência para cumprir a legalidade do “reino” (segundo eles). Entendo que não devemos contar o tempo da ignorância, porém após entendermos, já deixamos de sermos ignorantes, portanto, para nós está valendo a partir dessa leitura. Desculpe-me pelo tamanho da escrita, porém para se falar de um assunto como divorcio, é necessário, sair do argumento do “eu acho” e usar de fato uma pesquisa bíblica mais profunda. Shalom Adonai!!!




4 comentários:

  1. Em primeiro lugar Jesus não precisa de alinhar-se a nenhuma escola teológica por sre ELE a fonte de toda sabedoria.Quanto ao novo casamento,somente é permitido ao homem em caso de adultério de sua mulher e não o contrário.Porém se a mulher quiser separar-se do seu marido, não lhe é permitido casar-se novamente.ICOR.7.10-15,39,40 ROM.7.2-3.

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  2. Quanto as cartas de divórcio concedida por Moisés dava-se por motivos fúteis, devido a pouca valorização da mulher pelo homem duro de coração,que a substituia por qualquer motivo.Quanto ao divórcio,só é concedido por Jesus ao homem traído e não a mulher,no caso de traição do marido.Porém se a mesma quiser separar-se,não poderá casar-se novamente.

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  3. Realmente Jorge, a interpretação realizada por você e uma interpretação totalmente literal, desconsiderando a hermenêutica bíblica, e a cultura épica e porque não falar a própria interpretação de texto no idioma português. Portanto não procede a sua linha de interpretação que é totalmente machista desconectada ao texto em si. A suas informações está no campo do eu acho, e em versiculos isolados. Busque uma opinião mais inteligente e menos "fundamentalista", talvez faça mais progresso em sua caminhada teologica . A sua colocação "em primeiro lugar Jesus não precisa de alinhar-se a nenhuma escola teológica". Sim de fato Jesus não precisava, mais neste caso estava em discussão as duas escolas rabínicas . Se não reparou,é porque você não leu o texto. A paz!!!!!!!!!!!!!!

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  4. DISSE JESUS:
    Eu, porém, vos digo: quem repudiar sua mulher, NÃO SENDO POR CAUSA DE RELAÇÕES SEXUAIS ILÍCITAS, e casar com outra comete adultério [e o que casar com a repudiada comete adultério].
    Mateus 19.9

    PRIMEIRO: No mandamento acima, o Senhor Jesus deu lugar de honra a mulher que era repudiada por qualquer motivo.

    SEGUNDO: A mulher que cometesse adultério, não seria mais levada a morte por apedrejamento, mas somente repudiada para que o homem restaurasse seu matrimônio quantas vezes fossem necessário para criar os filhos com uma nova esposa.

    TERCEIRO: A mulher adúltera e repudiada, a qual foi privilegiada pela abolição da pena de morte, não poderia contrair novas núpcias sob pena de estar cometendo adultério, assim como o homem que se casasse com ela, também se fazia adúltero.

    QUARTO: O homem que repudiar sua mulher por qualquer motivo e casar-se com outra comete adultério, expondo sua mulher também a cometer adultério, caso a mesma queira fornicar ou casar-se novamente.

    QUINTO: À mulher não é permitido repudiar o seu marido no caso de adultério ou qualquer outro motivo, todavia se a mesma não quiser a reconciliação (perdão), preferindo a separação, deverá permanecer só e pura até o fim de sua existência ou na Vinda do Senhor Jesus Cristo (Arrebatamento da Igreja).

    QUANTO AS LINHAS DE PENSAMENTOS CRIADO PELA TEOLOGIA (ex: Escola Rabínica de Hillel e Shamai), NÃO PASSAM DE ESTERCO, POIS TODA TEOLOGIA CONTRÁRIA A VERDADE NÃO PODE INVALIDAR OS MANDAMENTOS DO SENHOR JESUS.

    Portanto, não devemos ser dirigidos por tradição judaica, filosofias de homens ou mesmo teologias modernas com interpretação pessoal para agradar ao nosso EU. Pois se assim fizermos, estaremos dando ouvidos a doutrina de demônios, e isso só agrada a aquele (Satanás) que um dia conseguiu enganar a primeira mulher (Eva). Não obstante, o Espírito Santo por meio do Apóstolo Paulo, querendo preservar as descendentes de Eva, proíbe que a mulher ensine na Igreja e muito menos exerça governo pastoral, para que desta forma não prevarique e caia em condenação eterna.

    Paz Seja Contigo,
    J.C.de Araújo Jorge

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